Capital Verde Europeia 2026 é o reconhecimento de uma trajetória coletiva, enraizada na participação cidadã, na ciência e no compromisso político com a sustentabilidade. A cidade minhota de Guimarães prepara-se para transformar esse prémio num legado duradouro para o território e para o país. A abertura oficial acontece a 9 de janeiro.
Qualidade do ar, ruído, água, biodiversidade, áreas verdes e uso do solo, resíduos e economia circular, mitigação e adaptação às alterações climáticas foram os parâmetros ambientais que conquistaram o reconhecimento do júri do prémio Capital Verde Europeia 2026, atribuído pela Comissão Europeia, tendo reconhecido Guimarães pelo seu desempenho “excecional” em matéria de transição verde.
A conquista resultou de um longo percurso da sustentabilidade ambiental com uma agenda intensa e transversal, cujo mérito teve de aguardar para ser reconhecido. Isto porque, em 2016, a cidade portuguesa apresentou a sua primeira candidatura a Capital Verde Europeia, tendo ficado em quinto lugar entre as 13 cidades concorrentes; em 2025, recandidatou-se e perdeu para Vílnius, capital da Lituânia. À terceira foi de vez e, em 2026, a “Cidade-Berço” foi eleita Capital Verde Europeia de 2026, a segunda cidade portuguesa a obter este título, depois de Lisboa, em 2020.
O prémio europeu reconhece cidades que lideram a transição ambiental e que assumem um compromisso firme com a sustentabilidade, a qualidade de vida urbana e a participação cidadã. Mais do que uma vitória simbólica, é encarado como o reconhecimento de um percurso estratégico e consistente, ancorado numa visão partilhada entre autarquia, instituições, academia e cidadãos.
Duas décadas de trabalho em prol da sustentabilidade
A candidatura de Guimarães surgiu de um caminho já muito consolidado. Nas últimas duas décadas, o município apostou numa estratégia ambiental de longo prazo, centrada na valorização do território, ciência cidadã e governança colaborativa. Um dos marcos mais relevantes foi a criação do Laboratório da Paisagem, em 2014, estrutura pioneira na articulação entre conhecimento científico, educação ambiental e ação concreta no território. Destacam-se ainda projetos como o PEGADAS - Plataforma para a Gestão Ambiental do Desenvolvimento Sustentável, um programa de Educação e Sensibilização Ambiental, ao nível do desenvolvimento sustentável e promoção de políticas para o ambiente, ecológicas e inclusivas, além do voluntariado ambiental e as políticas de mobilidade suave que integraram progressivamente a sustentabilidade na gestão da cidade.
O envolvimento da comunidade em ações de reflorestação, hortas urbanas e monitorização ambiental foi também determinante para o sucesso da candidatura. A proposta de Guimarães destacou-se pela sua abordagem transversal e pela qualidade das políticas já em curso. O júri europeu valorizou áreas como a ação climática, a mobilidade sustentável, a qualidade da água e do ar, a economia circular e a biodiversidade - mas também a forma como o município estruturou mecanismos de participação pública e transparência.
Entre os projetos mais relevantes estão a expansão da rede ciclável, zonas de emissões reduzidas, metas de neutralidade carbónica até 2030 e soluções para a eficiência energética. A cidade apostou na renaturalização de cursos de água, reforço da vegetação urbana e preservação de habitats naturais.
2026 como ponto de viragem
Ser Capital Verde Europeia é também uma rampa de lançamento para novos projetos. Até 2026, Guimarães quer acelerar a transição ecológica, envolvendo escolas, empresas, universidades e a sociedade civil. Estão previstas novas e ambiciosas metas: ações de educação ambiental, conferências internacionais e novos espaços verdes urbanos. A cidade compromete-se com objetivos exigentes, como a redução de emissões, o aumento da cobertura arbórea e a requalificação energética do edificado público. A dimensão educativa e participativa será reforçada em todas as frentes, envolvendo ativamente crianças, jovens e instituições locais.
A escolha de Guimarães tem um significado que ultrapassa os seus limites geográficos. Para Portugal, representa o reconhecimento do papel das cidades médias na liderança ambiental. Guimarães poderá inspirar outras autarquias a investir em políticas de sustentabilidade territorial, reforçando a ação climática a nível nacional. A forte ligação à academia, a aposta na inovação e a integração em redes europeias posicionam a cidade como um polo de experimentação de soluções que podem ser replicadas por outras cidades portuguesas e europeias.
Mais do que um título ou responsabilidade, ser Capital Verde Europeia é uma oportunidade para Guimarães mostrar o seu longo empenho e trabalho, podendo transformar esta distinção num legado duradouro, que se traduza em qualidade de vida, coesão social e resiliência ambiental.
A sua candidatura foi construída com base numa ideia mobilizadora: “semear o futuro”. Em 2026, Guimarães será palco de um ano repleto de iniciativas, mas o verdadeiro impacto será medido na capacidade de manter e ampliar este compromisso nos anos vindouros. Com ruas limpas, espaços verdes vivos e cidadãos envolvidos, Guimarães pretende mostrar que o futuro das cidades começa hoje.
Município anfitrião do 8.º ENLU
Guimarães marcou presença na sessão de encerramento do 7.º Encontro Nacional de Limpeza Urbana (ENLU), reforçando esse posicionamento, estando já assegurado o seu papel, enquanto cidade anfitriã do próximo ENLU, em 2026. A iniciativa vai integrar a agenda oficial dos eventos a realizar no âmbito da Capital Verde Europeia.
Isabel Loureiro e Dalila Sepúlveda, membros da Direção Executiva da Capital Verde Europeia 2026, representaram o município no Porto, sublinhando o papel central que a limpeza urbana ocupa na agenda ambiental da cidade e na preparação do ano verde.
